![VColor Estudo assegura que Construcell é produto "verde"](data:image/svg+xml,%3Csvg%20xmlns='http://www.w3.org/2000/svg'%20viewBox='0%200%201280%20108'%3E%3C/svg%3E)
O Módulo Prismático que sustenta a tecnologia Construcell foi objeto do estudo para a diplomação da professora Isabel Joselita Barbosa da Rocha Alves no mestrado em Recursos Naturais da Universidade Estadual da Paraíba, UEPB.
O estudo gerou dois artigos: PRODUTO “VERDE”: ANÁLISE À LUZ DA TEIA DAS ESTRATÉGIAS DO ECODESIGN e ANÁLISE DE UM PRODUTO CONCEBIDO COMO VERDE À LUZ DO ECODESIGN PILOT publicados na Revista Eletrônica Polêmica, do Laboratório de Estudos Contemporâneos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, UERJ.
A avaliação da tecnologia Construcell foi submetida às diretrizes de duas ferramentas: pelo Ecodesign Pilot, desenvolvida Instituto de Engenharia de Design da Universidade de Viena, com a participação dos pesquisadores austríacos Wolfgang Wimmer e Rainer Züst, para avaliar o comprometimento ambiental de um produto e pela Teia de Estratégias de Ecodesign (TEE), que é uma ferramenta desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA, para avaliar o desempenho ambiental de um produto.
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PRODUTO “VERDE”: ANÁLISE À LUZ DA TEIA DAS ESTRATÉGIAS DO ECODESIGN
ISABEL JOSELITA BARBOSA DA ROCHA ALVES
Mestre em Recursos Naturais, docente do Departamento de Contabilidade da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
LÚCIA SANTANA DE FREITAS
Doutora em Administração, docente do Departamento de Administração da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
JOSICLEIDE DA ROCHA SILVA
Especialista em Psicologia Escolar e da Aprendizagem, docente da Prefeitura Municipal de Areial – PB
Resumo:
O presente estudo teve como objetivo analisar, através do uso da Teia das Estratégias do Ecodesign (TEE), se um produto concebido como verde é de fato “verde”. Trata-se de um estudo de caso, cujo objeto foi o Módulo Prismático, tijolo de plástico usado nas estruturas e coberturas de grandes construções. Foram utilizados entrevistas e questionários elaborados a partir da ferramenta. Os resultados mostram que o produto de fato é “verde”.
Palavras-chave: Ecodesign; Desempenho ambiental do produto; Teia das Estratégias do Ecodesign.
PRODUCT “GREEN”: ANALYSIS OF THE LIGHT OF THE STRATEGIES OF THE WEB ECODESIGN
Abstract:
The present study aimed to examine the Web through the use of the Ecodesign Strategies (TEE) is a product designed as green is actually “green.” This is a case study, whose object was the Prismatic Module, used in plastic brick structures and roofs of large buildings. Were used interview and questionnaire from the tool. The results show that the product actually is “green”.
Keywords: Ecodesign; Environmental product performance; Web Strategies of Ecodesign.
Introdução
Para as empresas, um dos mais consideráveis problemas diz respeito à necessidade de otimizar a integração de atividades de desenvolvimento de produtos, em conjunto com os impactos ambientais do produto e requisitos da legislação ambiental (HEPPERLE et al,2010). Assim, é necessário apoiar a função de design com ferramentas que possibilitem uma avaliação das consequências ambientais em cada fase do ciclo de vida do produto (BAUMANN; BOONS & BRAGD, 2002). Para isto, pode-se lançar mão das mais diversas ferramentas de gestão ambiental existentes.
Neste sentido, o ecodesign se apresenta como uma ferramenta de gestão ambiental, cuja característica básica é projetar produtos, considerando os impactos sobre o meio ambiente, desde a sua fabricação até seu descarte (BARBIERI, 2007). Ou seja, o principal objetivo do ecodesign é a criação de produtos “verdes”.
Dangelico e Pontrandolfo (2010) reconhecem produto “verde” como produto que contribui para a melhoria do ambiente e para redução do impacto ambiental negativo de outros produtos.
Atualmente, para o desenvolvimento de produto “verde” pode se dispor de diversas ferramentas de ecodesign. Dentre elas, destaca-se a Teia das Estratégias do Ecodesign (TEE) que se caracteriza como um conjunto de estratégias de ecodesign, utilizado como guia para o designer melhorar o perfil ambiental do produto.
TEIA DE ESTRATÉGIAS DE ECODESIGN (TEE)
Desenvolvida pelo PNUMA, a TEE é utilizada para avaliação do desempenho ambiental do produto, o que permite a definição de prioridades de intervenção para que melhorias possam ser realizadas (FARGNOLI & KIMURA, 2006).
Para subsidiar a avaliação do produto, a ferramenta apresenta oito estratégias de ecodesign e seus respectivos princípios (Fig. 1).
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Os resultados são representados num gráfico teia e representam uma variação de 20 pontos percentuais, que vai de 0% até 100%.
Método
Para análise do desempenho ambiental do Módulo Prismático, foram obtidas informações junto ao gestor da empresa, através de entrevista e questionário elaborados a partir da TEE, abordando as oito estratégias de ecodesign, desmembradas em 34 dimensões e, para as dimensões, elaboradas 71 afirmativas.
Para cada afirmativa, as respostas foram assinaladas considerando:
– Percepção sobre a relevância: nenhuma relevância (0); pouca relevância (5) e muita relevância (10);
– Efetiva aplicação: sempre aplico (1); quase sempre aplico (2); às vezes aplico (3) e não aplico (4).
Baseado nessas informações, para cada estratégia, verificou-se a percepção que se tem sobre a relevância dos aspectos de ecodesign e sua efetiva aplicação, identificando quais estratégias devem ser prioritárias para que possam ser trabalhadas.
A prioridade foi encontrada a partir do produto entre a relevância e a aplicação e foi classificada como: baixa (0-13), média (14-26) e alta (27-40). Desta forma, cada estratégia teve suas respectivas dimensões e afirmativas analisadas e identificada a prioridade, considerando a média aritmética das afirmativas e dimensões aplicáveis ao produto.
Resultados
Na Estratégia desenvolvimento de novo conceito (Fig. 2), as dimensões “integração de funções” e “otimização funcional do produto ou componente” sempre são aplicadas têm muita relevância, prioridade (10). As demais dimensões não se aplicam ao produto.
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A baixa prioridade desta Estratégia é justificada pelo fato de o produto ser utilizado conforme a necessidade do cliente, tanto na estrutura quanto na cobertura da obra, o que faz com que sentimentos positivos sejam despertados aos usuários.
A Estratégia seleção de materiais de baixo impacto ambiental se apresenta como baixa prioridade (Fig. 3), por ser muito relevante e a empresa sempre utilizar “materiais não agressivos”, “materiais reciclados”, “recicláveis” e de “baixo conteúdo energético”.
No que tange à dimensão “materiais renováveis”, por ser pouco relevante, não é aplicada, pois embora o PET seja originado do petróleo, a matéria-prima do produto é reciclada.
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A baixa prioridade desta Estratégia é justificada pelo fato de a empresa não utilizar materiais tóxicos, escassos ou em risco de extinção; de utilizar materiais que demandam pouca energia em sua transformação e materiais que podem se reciclados.
Tratando-se da Estratégia redução de uso de materiais (Fig. 4), as dimensões “redução de peso” e “racionalização de transportes” têm muita relevância e sempre são aplicadas.
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Esta Estratégia apresenta baixa prioridade porque o PET é bem mais leve que outros materiais como cerâmica, madeira, vidro, etc e pela empresa dar preferência a matérias-primas produzidas localmente para minimização das distâncias de transporte.
Quanto a Estratégia otimização das técnicas de produção (Fig. 5), a dimensão “técnicas de produção alternativa” apresenta baixa prioridade (5), porque as máquinas injetoras utilizadas na fabricação do produto não causam danos diretos ao meio ambiente.
A dimensão “redução do consumo e uso racional de energia” sempre tem aplicabilidade e muita relevância, prioridade (10), haja vista que o consumo de energia para produzir uma unidade é de apenas 0,0032 kWh, o que faz com que o “uso de energia mais limpa” não seja aplicado, por representar pouca relevância, totalizando prioridade (20).
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As demais dimensões não têm aplicabilidade. Assim, esta Estratégia apesenta baixa prioridade, pois embora não utilize energia renovável, observa-se que durante a produção não é gerado nenhum resíduo e, quanto ao insumo utilizado, quanto mais garrafas PET forem utilizadas, maiores benefícios para o meio ambiente.
Quanto a Estratégia sistema de distribuição eficiente (Fig. 6), as dimensões “redução e uso racional de embalagens” e “uso de embalagens mais limpas” apresentam baixa prioridade (6,7), por serem relevantes e sempre aplicadas. As demais dimensões não foram analisadas, uma vez que o produto ainda não se encontra em comercialização.
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Esta Estratégia apresenta baixa prioridade porque a empresa, para evitar arranhões na fase de distribuição, utiliza como embalagem filme de PVC produzido a partir de material reciclado e biodegradável.
No que tange à Estratégia redução do impacto ambiental no nível de usuário (Fig. 7), tem muita relevância e são sempre aplicados: “redução de insumos” e “uso de insumos limpos”, prioridade (10). As demais dimensões não têm aplicabilidade.
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A baixa prioridade desta Estratégia se justifica por utilizar pouquíssima energia para parafusar uma peça à outra, no caso de grandes obras, pois nas pequenas a parafusagem pode ser manual e, com relação à limpeza, pode-se utilizar pano úmido, descartando a utilização de materiais tóxicos ou perigosos.
Em relação à Estratégia otimização do tempo de vida do produto (Fig. 8), as dimensões “confiabilidade e durabilidade” e “utilização de design clássico no sentido de estilo” têm muita relevância e são sempre aplicadas, prioridade (10). Isto ocorre, porque o produto é projetado para durar e pode lidar com os encargos de uso intensivo. Os materiais utilizados conservam características como cor e forma e o design do produto assegura-lhe apreciação pelo usuário.
![EcoDesign-b8 Estudo assegura que Construcell é produto "verde"](data:image/svg+xml,%3Csvg%20xmlns='http://www.w3.org/2000/svg'%20viewBox='0%200%201945%20747'%3E%3C/svg%3E)
Como as demais dimensões não são aplicáveis ao produto, esta Estratégia apresenta baixa prioridade.
Finalizando com a Estratégia otimização do pós-uso (Fig. 9), evidencia-se que a dimensão “reutilização do produto” apresenta baixa prioridade (3,3), porque apenas a afirmativa “reutilização do produto para o mesmo ou outro fim” tem aplicabilidade e muita relevância. Também é sempre aplicada e tem muita relevância a “reciclagem de materiais”.
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Esta Estratégia tem baixa prioridade, porque as afirmativas “adoção de um sistema de logística reversa” e “informações sobre o propósito de sua reutilização” não apresentam nenhuma relevância e não são aplicadas.
A Fig.10 apresenta uma síntese dos resultados de cada Estratégia.
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Observa-se que, desde a criação do produto até a fase pós-uso, todas as Estratégias apresentaram-se como de baixa prioridade, o que torna desnecessário medidas para melhoria do seu desempenho ambiental.
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Conclusões
Após as análises, elencam-se os seguintes aspectos ambientais do produto: o produto e a embalagem são produzidos com material reciclado e reciclável e não causam impactos ambientais; durante a produção e uso não há geração de resíduos; o consumo de energia é mínimo; tem vida útil longa, durante o uso não necessita de materiais ou métodos específicos para manutenção e limpeza; pode ser reutilizado para o mesmo ou outros fins e, o mais importante, para cada módulo produzido são retiradas do meio ambiente 20 garrafas PET, produto que causa sérios danos ambientais.
Face ao exposto, concluiu-se que o módulo prismático, à luz da TEE, é de fato um produto “verde”.
Referências Bibliográficas
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos, 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 382 pp.
BAUMANN, H.; BOONS, F.; BRAGD, A. Mapping the green product development field: engineering, policy and business perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 10, p. 409-425, 2002.
BREZET, H.; van HEMEL, C. Ecodesign, A promising approach to sustainable production and consumption.Edited by UNEP. Paris, 1997.
DANGELICO, R. M.; PONTRANDOLFO, P. From green product definitions and classifications to the Green Option Matrix. Journal of Cleaner Production, v. 18, p. 1608-1628, 2010.
FARGNOLI, M.; KIMURA, F. Sustainable Design of Modern Industrial Products. 13th CIRP International Conference on Life Cycle Engineering, 2006.
HEPPERLE C. et al. Calculating lifecycle interdependencies based on eco-design strategies, IEEE. International Conference on Industrial Engineering and Engineering Management. p. 743-747, 2010.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (UNEP). Disponível em: . Acesso em: 13 jun 2012.
VAN HEMEL, C.; CRAMER, J. Barriers and stimuli for ecodesign in SMEs. Journal of Cleaner Production, v. 10, p. 439-453, 2002.
![VColor Estudo assegura que Construcell é produto "verde"](data:image/svg+xml,%3Csvg%20xmlns='http://www.w3.org/2000/svg'%20viewBox='0%200%201280%20108'%3E%3C/svg%3E)
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ANÁLISE DE UM PRODUTO CONCEBIDO COMO VERDE À LUZ DO ECODESIGN PILOT
ISABEL JOSELITA BARBOSA DA ROCHA ALVES
Mestre em Recursos Naturais, docente do Departamento de Contabilidade da Universidade Estadual da Paraíba /UEPB.
LÚCIA SANTANA DE FREITAS
Doutora em Administração, docente do Departamento de Administração da Universidade Federal de Campina Grande/UFCG.
JOSICLEIDE DA ROCHA SILVA
Especialista em Psicologia Escolar e da Aprendizagem, docente da Prefeitura Municipal de Areial-PB.
Resumo:
Atualmente, refletir sobre sustentabilidade implica refletir sobre produto verde. O presente estudo teve como objetivo analisar, através do uso da ferramenta Ecodesign PILOT, se um produto concebido como verde é de fato “verde”. Trata-se de um estudo de caso, cujo objeto foi o Módulo Prismático Autoestruturado. Foram utilizados: entrevista semiestruturada e, na íntegra, o questionário disponível no endereço eletrônico da ferramenta. Os resultados mostram que o produto de fato pode ser considerado como verde.
Palavras-chave: Ecodesign. Desempenho ambiental do produto. Ecodesign PILOT.
ANALYSIS OF A PRODUCT DESIGNED AS A GREEN LIGHT OF THE ECODESIGN PILOT
Abstract: Nowadays, think about sustainability means thinking about green product. The present study had as objective analyzes through the use of the tool Ecodesign PILOT is a product designed as green it is reallly “green.” It is a case study, whose object was the Módulo Prismático Autoestruturado. They were used semitructured interview and in full, the questionnaire is available on the site of the tool. The results show that the product in fact can be considered as green.
Keywords: Ecodesign. Environmental product performance. Ecodesign PILOT.
Introdução
Atualmente, as organizações, por pressões legais, por exigências do consumidor ou mesmo por consciência ambiental, têm começado a incorporar aspectos ambientais em seus modelos de gestão. Neste contexto, muitas organizações têm criado ou melhorado seus produtos, tornando-os ambientalmente corretos ou verdes.
Entretanto, há diferentes formas de entendimento do que constitui um produto verde. Na literatura, não há um consenso sobre o conceito e/ou características de produto verde. Estudo realizado por Dangelico e Pontrandolfo (2010) mostra que os conceitos são muito amplos e contemplam diferentes dimensões: ecológica, política, capacidade de resposta social empresarial, comércio justo, o novo consumismo, sustentabilidade… gerando confusão sobre o significado de verde. Por essas diferentes dimensões, percebe-se que o produto verde é aquele que apresenta um desempenho ambiental superior, quando comparado a outros produtos similares.
Neste contexto, faz-se necessário o uso de ferramentas de gestão ambiental que possam avaliar o desempenho ambiental do produto considerando, principalmente, todas as etapas do seu ciclo de vida, a exemplo do ecodesign.
Para Van Hemel e Cramer (2002), pode-se atribuir ao ecodesign o significado de uma discussão sistemática e consistente para melhorar o perfil ambiental do produto, em todas as fases do ciclo de vida, incluindo reciclagem adequada e disposição. Atualmente, pode-se dispor de diversas ferramentas de ecodesign. Dentre elas, destaca-se o Ecodesign PILOT, uma ferramenta de software utilizada para a identificação e aplicação de estratégias de ecodesign, em desenvolvimento de produtos.
Face ao exposto, considerando a necessidade da inclusão da variável ambiental no desenho de produtos, e ainda, que atualmente há um grande número de empresas que procura apresentar seus produtos como verdes, o presente estudo teve como objetivo analisar, através do uso do Ecodesign
PILOT, se um produto concebido como verde é de fato “verde”.
Produto Verde
Dentre as características comuns associadas ao desenvolvimento de produtos verdes, destacam-se: não causar danos ao meio ambiente; evitar o uso de materiais tóxicos; reduzir o uso de energia e de materiais, incluindo embalagens; usar materiais reciclados e aumentar a vida útil e a capacidade de remanufaturamento do produto. Estudo realizado por Dangelico e Pontrandolfo (2010) apresenta diversas características distintivas de produtos verdes elencadas por vários autores, conforme demonstrado na Figura 1.
![EcoDesign-b10 Estudo assegura que Construcell é produto "verde"](data:image/svg+xml,%3Csvg%20xmlns='http://www.w3.org/2000/svg'%20viewBox='0%200%201997%202201'%3E%3C/svg%3E)
Fargnoli e Kimura (2006) consideram que o desenvolvimento de produtos verdes, independentemente do grau de inovação e das tarefas que o designer tem de executar, pode ser considerada como uma atividade de design que envolve: demandas dos clientes, necessidades da empresa e da sociedade, além de requisitos legais. Desta forma, é necessário que o designer faça uso de ferramentas que o auxilie, a exemplo do Ecodesign PILOT.
Ecodesign PILOT
O Ecodesign PILOT é uma ferramenta de ecodesign que permite identificar medidas concretas para melhoria do desempenho ambiental do produto, desenvolvida pelo Instituto de Engenharia de Design da Universidade de Viena.
A ferramenta inclui um programa utilitário chamado Assistente que contém seis formulários, contemplando todas as fases do ciclo de vida do produto. Com o auxílio destes formulários, e por meio dos dados essenciais do produto, o Assistente identifica a fase do ciclo de vida com mais alto impacto ambiental, de forma que o produto possa ser classificado como dos tipos:
– Tipo A – Produto Intensivo em Matéria-prima;
– Tipo B – Produto Intensivo em Fabricação;
– Tipo C – Produto Intensivo em Transporte;
– Tipo D – Produto Intensivo em Uso;
– Tipo E – Produto Intensivo em Disposição.
Após a classificação do produto, o Programa apresenta as recomendações das estratégias de ecodesign mais adequadas para sua melhoria, a partir da avaliação de quatro pontos: ideia de melhora, custos, viabilidade e realização.
Método
As informações necessárias para análise do desempenho ambiental do Módulo Prismático Autoestruturado foram obtidas junto ao idealizador do produto e gestor da empresa, através de entrevista semiestuturada e da aplicação, na íntegra, do questionário disponível no Assistente do Ecodesign PILOT, o qual abrange todas as fases do ciclo de vida do produto: matéria-prima, fabricação, transporte, uso e disposição.
Após a coleta, os dados foram inseridos na ferramenta Assistente do EcodesignPILOT, disponível em: http://www.ecodesign.at/assist/assistent?lang=en. Com base no resultado encontrado e nas recomendações propostas pelo Programa, não foi necessária a avaliação das ideias de melhora, dos custos, da viabilidade e da realização de medidas para um melhor desempenho ambiental do produto.
Apresentação e Análise dos Resultados
O módulo prismático autoestruturado reciclado tem a forma de um triângulo com lados de 50 cm, produzidos com 20 garrafas PET (polietereftalato de etileno) recicladas (Figura 2). O produto dispensa o uso de madeira, metal ou concreto. Quando sobrepostos, são unidos com parafusos, podendo ser utilizados na cobertura de escolas, estádios de futebol, hangares, galpões industriais, centros de convenções, espaços culturais, armazéns, silos, estufas e outras construções que requeiram coberturas de grandes dimensões.
![Ecodesign-a2 Estudo assegura que Construcell é produto "verde"](data:image/svg+xml,%3Csvg%20xmlns='http://www.w3.org/2000/svg'%20viewBox='0%200%201687%20721'%3E%3C/svg%3E)
Para análise do módulo prismático autoestruturado, utilizando o Programa Assistente do Ecodesign PILOT, foi considerado o uso de 365 dias por ano e uma vida útil de 50 anos. Os materiais utilizados foram informados conforme consta na Figura 3.
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No que se refere à manufatura do produto, considerou-se que não há geração de resíduos durante o processo produtivo, todavia, como é necessária a opção por uma das alternativas oferecidas pelo Programa (separação completa de material, reciclagem parcial de materiais e não classificação de materiais), foi assinalada a alternativa reciclagem parcial de materiais, por ser a que mais se assemelha ao material usado na fabricação do produto e a sua destinação final.
A empresa não fará uso de materiais auxiliares e de processos ambientalmente perigosos. A produção será de mais de 100.000 unidades/ano e o consumo de energia para produção de cada unidade será de 0,0032 kWh. O produto não contém peças externas.
Quanto à distribuição, considerando que o produto ainda não está sendo comercializado, o único dado inserido no Programa se refere à embalagem retornável, pois o transporte do produto poderá fazer uso de pallet.
No que concerne ao uso do produto, dentre as alternativas do formulário, foi informado que é impossível o produto apresentar um risco potencial para o meio ambiente se for utilizado de forma inadequada ou em caso de mau funcionamento. No fim de vida, o produto será destinado à reciclagem.
Com base nas informações acima, o Assistente do Ecodesign PILOT classificou o produto como tipo “A”, ou seja, intensivo em matéria-prima, recomendando as seguintes estratégias:
– Estratégia de alta prioridade: Reduzir o consumo de material.
– Estratégias para serem realizadas mais tarde: Selecionar os materiais adequados, otimizar o uso do produto, otimizar a funcionalidade do produto, aumentar a durabilidade do produto, melhorar a manutenção, melhorar a reparabilidade, melhorar a desmontagem e reutilização de componentes de produtos.
Quanto a estratégia principal, que trata da redução do consumo de material, o Ecodesign Pilot sugere que a empresa prefira o uso de materiais reciclados, preferencialmente, utilize componentes de um único material e/ou reduza o número de diferentes tipos de materiais e reduza o consumo de material por meio do design e mediante a integração de funções.
Constata-se que a classificação do produto pelo Assistente do Ecodesign PILOT como tipo “A” se deu em virtude do PET ser originado do petróleo e o Programa não apresentar a opção de material PET reciclado. No que tange às estratégias para serem realizadas mais tarde, face às características do produto, não têm efetiva aplicação. Portanto, o produto não é intensivo em nenhuma das etapas do ciclo de vida.
Conclusão
Após a realização de todas as análises, pode-se elencar, entre outros, os seguintes aspectos ambientais do produto: os materiais utilizados não causam impactos ambientais; o produto e a embalagem são produzidos com material reciclado e reciclável; durante o processo produtivo e uso não há geração de resíduos; o consumo de energia na produção é mínimo; tem uma vida útil longa, durante o uso não necessita de materiais ou métodos difíceis ou sofisticados específicos para manutenção e limpeza; pode ser reutilizado para o mesmo ou outros fins e, o mais importante, para cada módulo produzido são retiradas do meio ambiente 20 garrafas PET, produto que causa sérios impactos ambientais.
Em suma, diante do exposto, concluiu-se que o
módulo prismático autoestruturado, concebido como produto verde, à luz do Ecodesign PILOT, é de fato um produto verde, haja vista que durante todo seu ciclo de vida este apresenta desempenho ambiental positivo.
Referências Bibliográficas:
CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (CEBDS). Disponível em: . Acesso em: 10 ago 2012.
DANGELICO, R. M.; PONTRANDOLFO, P. From green product definitions and classifications to the Green Option Matrix. Journal of Cleaner Production, v. 18, p. 1608-1628, 2010.
ECODESIGN Pilot: Product Investigation, Learning and Optimization Tool for Sustainable Product Development.
Disponível em: e . Acesso em: 15 jun 2011.
FARGNOLI, M.; KIMURA, F. Sustainable Design of Modern Industrial Products. 13th CIRP International Conference on Life Cycle Engineering, 2006.
HAIR JR., J. F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração.Tradução Lene Belon Ribeiro – Porto Alegre: Bookman, 2005, 471 pp.
NASCIMENTO, L. F.; VENZKE, C. S. Ecodesign. In VILELA JR, A.; DEMAJOROVIC, J (orgs.). Modelos e ferramentas de gestão ambiental: desafios e perspectivas para as organizações. São Paulo: Ed. Senac, 2006, p. 285-311.
VAN HEMEL, C.; CRAMER, J. Barriers and stimuli for ecodesign in SMEs. Journal of Cleaner Production, v. 10, p. 439-453, 2002.
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